sábado, 3 de maio de 2014

O SILÊNCIO DAS 369 CASAS - I


Poucas coisas falam mais sobre o Brasil e sobre a inoperância do Pacto Federativo do que o conjunto habitacional existente em Delmiro Gouveia. São 369 (Trezentos e Sessenta e Nove) casas a espera de conclusão. Um projeto que se arrasta desde 2006 e ainda, oito anos depois, em meados do ano de 2014 não possui nenhum prazo ou expectativa para entregá-las a quem de direito.

São três os atores que figuram no teatro de operações para a consecução da obra: a Prefeitura Municipal de Delmiro Gouveia, a Caixa Econômica Federal e o Estado de Alagoas.  A informação que se tem é que apenas a Prefeitura de Delmiro Gouveia cumpriu as formalidades necessárias para o andamento do projeto.
No entanto, há uma disputa feroz entre a CEF e o Governo do Estado de Alagoas para conseguir o almejado troféu da incompetência. É gritante a inoperância administrativa destes dois entes.

Após várias reuniões com os futuros beneficiários do Projeto, após várias cobranças da população e dos
meios de comunicações locais; após várias reuniões dos gestores; após audiência pública na Câmara Municipal de Delmiro Gouveia, diga-se de passagem, extremamente válida; após a ocupação destas moradias por parte dos beneficiários, ainda não se tem a resposta de quanto tempo hábil as moradias serão entregues. Ora, já são oito anos de espera.

Em recente matéria aqui no site (As 369 Casas - Comissão se reúne com o secretário de Infraestrutura do Estado.), o secretário informou que a empresa executora da obra passa por dificuldades o que estaria impedindo o andamento desta, etc. A fala do secretário é um passeio nos trâmites burocráticos. Trata a empresa de forma humanizada e desumaniza as 369 casas. A empresa passa por “dificuldades”, merece por isso considerações. Um pouco mais de espera, pede o gestor.

Já as casas, desumanizadas pela sutil burocracia, tentam sobreviver silenciadas e atônitas.

Por Gerd Baggenstoss